Ele se denominava o amor da minha vida, trazia flores, me fazia rir, era sol no meio da tempestade, nem eu mesma sabia quanta dor havia ali. Todos dizem:
- Nossa! Como vocês se combinam.
- São lindos juntos.
- Ele foi feito para você.
Entre tudo que nos envolvia, tinha tudo! Menos o pertencer... A incerteza que poderia eu fazer meu lar em seu braço vinha como um flecha que acerta o seu alvo, me faltava o ar, e logo depois sentia uma leve impressão de que nunca existiu a gente, cacos meus trincavam pelo chão e as lágrimas apareceram para poder me falar o quanto este amor só veio para me machucar.
Como não poderia acreditar nesse amor que diz sou seu? Tola demais para não reparar a individualidade no olhar, a sua mão a me soltar, sua postura de negação perante o infinito de possibilidades a te esperar. Deixa te falar o quanto sangra esse amor que veio só para me machucar. Em cada crise de ansiedade ele estava lá, pouco se parecia uma prisão, pois as suas grades ninguém consegue ver. Seus castigos eram silenciosos, sutil, suas lesões foram feitas em lugares de difíceis acesso onde são imergidas o pior de mim.
Ah esse amor... Ele me fez acreditar que merecia "ele", que só existia "ele" enquanto tinha outros. As suas ameaças constantes, sobre me deixar sozinha, bem ali, sem ele, eram como facas de duas faces que cortavam dos dois lados. Manipulada, fraca demais para entender que o amor pode ser muitas coisas menos a indiferença, foi bem nessa parte que me olhei no espelho e vi um alguém que não queria ser, era eu, sem amor nenhum. Não foi a primeira vez que confundi amar com possuir.
Autora: Jonatielen Silva e Silva
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